DECÁLOGO EXISTENCIAL para gerir a minha vida
- Não sei quem sou, nem me interessa. Não vejo ninguém dentro de mim.
- Não sigo nenhuma tradição nem mestria. Não me apoio no passado.
- Não sinto culpa por nada. Não tirava nem alterava nada do que ocorreu.
- Não tenho medo da morte. Não é necessário alargar o tempo se vivi bem.
- Não preciso atacar ninguém. Não evoluo a destruir os outros.
- Não estou a fazer nada. Não há ninguém que me faça nada, apenas existem ações.
- Não acredito em nada do que acredito nem acredito em nada do que acreditam os outros. Não acredito.
- Não estou num corpo nem num planeta. Não estou de passagem pela vida. Não existo.
- Não há possibilidade de que me conheças. Eu não tenho nenhuma ideia de como sou.
- Não estou de acordo nem em desacordo com ninguém, não é necessário discutir.
Muitos pensarão que não sou religioso, que sou ateu o agnóstico, que não acredito em Deus ou em outras vidas.
Se é o que pensam, estão tão certos como errados. É apenas uma cara da moeda. Ainda não descobriram o que sou e o que sinto. Quem o consiga, simplesmente sentirá no seu coração que uma parte minúscula da VERDADE SUPREMA lhes acariciou a alma.
CONTINUAREI A DAR PISTAS DE QUEM NÃO SOU, PARA QUE POSSAS VER QUEM ÉS.
DECÁLOGO FAMILIAR para os meus familiares
Texto extraído do livro “Desde la Cárcel, desde mi Libertad” de Alberto José Varela:
Numa segunda-feira, 10 de Agosto festejei o meu aniversário na prisão. Tinha 90 minutos cara a cara numa salinha onde só existia uma mesa e algumas cadeiras.
Veio Paula, a minha companheira, com a nossa filha Amelýs de 1 ano, Elián e Aneley de 19, dois dos três filhos que tive com Marisa; também, Anahí de 6 anos que tive com Conchi.
Não tive bolo, nem velas, apenas olhares, palavras e risos.
Nesse dia quis ser eu a oferecer-lhe um presente. Ofereci-lhes um código de sugestões de convivência familiar que escrevi para eles que dizia:
- Quando falam os mais novos falam, os maiores calam-se.
- Dialogámos para nos conhecermos, não para ter razão.
- Não há leis nem normas, somos guiados pelo amor.
- No há nada para ocultar, mas todos temos direito a mentir.
- Nada se julga nem se critica, tudo se aceita.
- Nada manda em ninguém, cada um obedece ao seu coração.
- Apenas acreditamos no facto de não existir nada para acreditar.
- Não há nenhuma possibilidade de que alguém cometa algum erro.
- Se alguém não pergunta, não lhe será dada nenhuma resposta.
- Fluamos! A espontaneidade está acima dos planos.
- Não tentes ser diferente do que és; assim és perfeito.
- Aqui não há nenhum modelo a seguir nem ideal para atingir.
- Cada um que eleja a religião que quer ou nenhuma.
- Não há uma maneira fixa de fazer as coisas, procura na vida.
- Se estamos numa situação sem saída, rimos.
- Que cada um se dê conta por si mesmo de como são as coisas
- No deixemos de olhar com o coração até que possamos compreender-nos.
- Se se discute algo, os mais pequenos têm prioridade.
- Em vez de controlar e investigar é preferível confiar.
- A cada dia tudo recomeça, o passado morreu.